Sobre design estratégico
- PPG Design Unisinos
- 18 de dez. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 3 de ago. de 2021

A área de concentração do Programa de Pós-Graduação em Design da Unisinos é Design Estratégico. Isso significa enfatizar o estudo das estratégias elaboradas pelo Design para orientar a ação projetual e, sobretudo, a ação organizacional em direção à inovação e à sustentabilidade. Essas estratégias são elaboradas pelo Design em um processo que envolve todo o seu ecossistema de atuação: o meio organizacional (escritórios de design, empresas e demais organizações), o mercado, a sociedade e o meio-ambiente. Assim, o processo de design é considerado e desenvolvido no âmbito das multíplices relações instauradas na ação projetual, com implicações metodológicas relevantes. O enfoque do Design Estratégico desloca-se do processo de design em si para o conjunto de relações que esses ecossistemas entre si desenvolvem.
O designer torna-se o principal ator de uma ampla rede de atores que contribuem direta ou indiretamente para o desenvolvimento das estratégias organizacionais, incluindo os usuários, os membros da comunidade, os cidadãos e pessoas em geral. Nesse processo, as competências técnicas de Design se transformam em plataforma transdiciplinar que sustenta a convergência dos especialistas e dos demais atores que integram essa produtiva rede de colaboração. Para tanto, é determinante a capacidade de tornar as estratégias visíveis para todos os atores de maneira a promover o diálogo e a construção coletiva. Os artefatos resultantes são interpretados criticamente pela inovação que produzem e são avaliados pela sua sustentabilidade.
Dessa forma, do processo de Design Estratégico resulta em percurso para elaborar, exercitar e, então, fazer evoluir as estratégias organizacionais. É na ação projetual que o Design Estratégico lida com a instabilidade de seu ecossistema, traço decorrente de sua constante em evolução. Nesse sentido, a capacidade de leitura e interpretação dos sinais emitidos pelo ecossistema, aliada à projetação por cenários, é o cerne dos processos de Design, na medida em que permite considerar o regular e evidente, o possível, mas também o imprevisível, o acaso, a deriva ou o erro.
Se a área de Design dialoga tradicionalmente com a Arquitetura e as Engenharias, o Design Estratégico chama o concurso também de outras áreas, em especial as Ciências Humanas e Sociais. Consideradas as organizações como sistemas sócio-técnicos, sua capacidade de inovar e criar valor potencializa-se pelo conhecimento agregado: pelos avanços projetuais praticados pela Administração, pelos processos e tecnologias desenvolvidas pela Comunicação e Informação; pelo acervo disponibilizado nas áreas relacionadas a temas de significado, cultura e estética. Essas são fontes indispensáveis para que se agreguem, à tradição já construída pelo Design, competências hermenêuticas e críticas diferenciadas.
O Design Estratégico, assim compreendido, permite a configuração da forma, função, valor e sentido da proposta integral de uma organização para a sociedade e para o mercado. Transcende, portanto, à oferta de produtos ou serviços singulares, e considera como um todo sistêmico os valores das organizações, o reconhecimento dos contextos socioculturais, o potencial das tecnologias e das redes, os efeitos de sentido desejados e a comunicação de processos e de resultados.
Assim compreendido, o efeito mais significativo do Design Estratégico, é, entretanto, a organização e a continua reorganização das relações e das atividades que são desenvolvidas no ecossistema das empresas públicas e privadas, das ONGs e das demais organizações. É o que lhes permite evoluir de modo sustentável para o benefício de todos os integrantes desse processo, nos segmentos de pesquisa (fundamentos da inovação), desenvolvimento (produção e comercialização) e inovação (geração de riqueza).
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